quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Alô

Já era tarde quando ela ouviu o telefone tocar. Estava no chuveiro, não sabia ao certo , há quanto tempo, pois deliciava-se em brincar com  deslizar do sabonete e da esponja pelo seu corpo, formando aquela espuma cremosa e branquinha. Enxaguou o corpo e estava acariciando sua pele com o óleo pós banho, quando ouviu o primeiro toque. Entrou rapidamente de baixo da ducha, retirou o excesso do óleo,  desligou o chuveiro, e saiu do banheiro enrolando-se na toalha felpuda, para atender a ligação. Já havia parado de tocar, quando alcançou o telefone, mas logo voltou a tocar, então ela atendeu a ligação:
- Alô?
- Oi.
Ela conhecia aquela voz,  e no mesmo instante sentiu um tremor nas pernas, um friozinho que lhe percorreu as pontas dos pés, passando por suas costas, nuca, atingindo lhe o couro cabeludo, todos os seus pelos.
- Pensei que não estava em casa,  a voz dizia.
- Não, estava no banho, por isso demorei, respondeu.
- Que delícia!
Foi juntando a toalha ao corpo,  como se estivesse sendo observada naquele estado. Corpo úmido, pés descalços ainda molhados, cabelo pingando, água escorrendo pelo rosto, umedecendo cada vez mais os lábios, não bastasse a lembrança que aquela voz trazia, que a fazia tremer. Sentiu-se sem graça. Sentou na poltrona do seu quarto, enquanto segurava o telefone numa mão,  com a outra ia tentando secar disfarçadamente seu corpo. Não se dera conta que ele estava falando com ela ao telefone, não deitado em sua cama, como já estivera tantas vezes, e esteve na noite anterior, olhando-a atentamente, cada gesto, cada movimento e detalhe do seu corpo. Não sabia bem porque, mas ainda ficava tímida,  e um misto de tensão e prazer tomavam conta do seu corpo. A idéia de que ele estava ali olhando-a aqueceu seu corpo inteiro, sentiu-se enrubescer... E a voz continuava:
- Estava com saudade, não consegui parar de pensar em você. E saber que você está toda molhadinha , me deixa com um tesão... Só consigo pensar em beijar cada parte do seu corpo, e te possuir de todas as formas...
- Assim você me deixa louca...
- Imagina que estou acariciando sua pele e beijando sua boca,  rosto, pescoço, seios, tiro sua toalha, enquanto minhas mãos percorrem,  ávidas cada centímetro do seu corpo...
Nesse instante ela deixou que a toalha caísse,  era como se ele estivesse possuindo seu corpo outra vez. Sentia o corpo latejar de tanta excitação, mas não se tocou, nunca havia feito isto. Então a voz começou a guiá-la rumo ao desconhecido: "a descoberta do seu próprio corpo."
- Acaricia seu corpo, vai,  sinta seu cheiro, como sua pele é macia, e pensa nos meus lábios percorrendo esta pele, minhas mãos apertando suas coxas, suas ancas,  nádegas... sente minha respiração. 
Já não tinha mais pudor, acariciava-se intensamente,  era como se ele estivesse ali. Sentia sua gruta encharcar-se a medida que tocava seu corpo. Mordeu os lábios,  beijou sua pele, passou a mão pelos cabelos, entre as pernas, e como numa atração fatal e mútua,  tocou levemente a parte interna da coxa,  num movimento de sobe e desce,  acariciando, apertando,  foi subindo até sua virilha,  sentiu seu ventre estremecer de desejo, já não ouvia direito o que a voz dizia,  parecia,  que a voz estava nela,  era ela. Então tocou seu clitóris e soltou um gemido que parecia vir de suas entranhas, e ficou ali,  brincando,  sentindo,  cada milímetro daquele ponto pequeno, que lhe trazia tantas sensações agora,  e adorava aquilo. Sentia-se cada vez mais molhada, mais sexy,  gostosa... Muito desejada, porque não era o outro que a fazia sentir,  era ela mesma que experimentava cada sensação que tocar seu corpo lhe proporcionava. Ah, ela se Amava! 

Nesse frêmito de prazer,  levou seus dedos, a porta daquela gruta, e ficou sentindo,  aquela umidade, então foi colocando, primeiro um,  depois  outro dedo e sentia que uma explosão iniciava-se... Atingiu um êxtase  nunca antes experimentado desse jeito... 

O telefone caiu, pegou-o novamente e pode ouvir a voz dizer que ela o deixava louco, então desejou-lhe boa noite e antes de desligar o telefone ainda ouviu ele dizer: "Alô?"... Desligou.
Precisava curtir aquele momento!

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